Conhece a história dos Irmãos Collyer: os maiores acumuladores compulsivos da história?
Exatamente no coração de Harlem, em Nova York, no canto noroeste da rua 128 com a quinta avenida, está localizado um pequeno terreno retangular. Uma placa do Departamento de Parques de Nova York, identifica o terreno quase vazio como “Parque dos Irmãos Collyer”.
É um dos menores parques da cidade de Nova York, com alguns bancos, alguns vasos de plantas e várias árvores. Nada incomum.
O que é incomum é a história dos irmãos por detrás do nome do parque. Homer e Langley Collyer nasceram na década de 1880 numa das famílias mais respeitáveis de Nova York. O seu pai era ginecologista e a mãe era uma ex-cantora de ópera e descendente de Robert Livingston, a primeira família Livingston a imigrar para a América no século XVII, apenas meio século após a histórica viagem do Mayflower.
Os irmãos moravam com os pais no número 2078 da quinta avenida, uma casa de esquina que ficava no mesmo local ocupado pelo Parque dos Irmãos Collyer.
O Dr. Collyer era conhecido por ser excêntrico. Frequentemente ia trabalhar numa canoa descendo o Rio Leste até o Hospital da Cidade, na ilha Roosevelt, onde trabalhava, e depois transportava a canoa de volta para casa pelas ruas da cidade durante o seu trajeto de volta. Os irmãos, à medida que envelheciam, seguiam cada vez mais os passos estranhos do pai.
O Dr. Collyer morreu em 1923, seguido pela sua esposa, mãe de Homer e Langley em 1929, deixando os irmãos com a posse da propriedade do Harlem. Nos quatro anos seguintes, Homer e Langley levaram uma vida bastante normal, socializando-se com os vizinhos e ensinando na escola dominical na igreja local.
Homer era advogado e Langley era engenheiro, embora nunca tenha exercido sua profissão, preferindo dedicar o seu tempo à música. Era pianista profissional. Em 1933, Homer perdeu a visão devido a hemorragias na parte de trás de seus olhos, o que levou Langley a deixar o seu emprego para poder cuidar do irmão, e os dois começaram a afastar-se da sociedade. Com a passagem do tempo, os irmãos ficaram com medo das mudanças que aconteciam no bairro. A Grande Depressão havia alterado dramaticamente a economia da sociedade, e o grande número de afro-americanos que mudaram para o bairro perturbava os irmãos.
Quando os adolescentes começaram a atirar pedras nas suas janelas, eles trancaram tudo por dentro e isolaram-se do resto do mundo. Quanto mais reclusos os irmãos se tornavam, mais interessados os vizinhos ficavam com as suas excentricidades, fazendo com que os irmãos recuassem ainda mais para o seu mundo fechado.
Surgiram rumores que por detrás das suas portas fechadas havia vastas riquezas e luxos trazidos do Oriente. Na realidade, os irmãos estavam lentamente ficando loucos.
Langley passou a maior parte do tempo mexendo em várias invenções, como um dispositivo para aspirar o interior de pianos e um Ford Modelo T adaptado para gerar eletricidade. Ele também colocou armadilhas em toda a casa, caso alguém tentasse entrar.
Depois da meia-noite, Langley arriscava a sair de casa e andava quilómetros por toda a cidade para conseguir comida. Muitas vezes, isso significava vasculhar latas de lixo na porta de mercearias e talhos. Também começou a arrastar para casa todo o tipo de lixo inútil e encheu a casa com eles.
A casa tornou-se um labirinto de caixas, complicados sistemas de túneis compostos de lixo empilhado. A casa não tinha gás, nem eletricidade, nem água. Todos os serviços de fornecimento estavam desligados por causa de contas não pagas.
Langley também acumulou milhares de jornais reunindo-os para que o seu irmão pudesse acompanhar as notícias assim que recuperasse a visão. Langley estava confiante de que o irmão se recuperaria, pois havia concebido uma cura para o irmão cego: cem laranjas por semana, pão preto e manteiga de amendoim. Claro, não funcionou. Em vez disso, a saúde de Homer começou a piorar e ficou paralisado devido ao reumatismo inflamatório. Mas os irmãos recusaram-se a procurar assistência médica.
Ironicamente, o seu comportamento excêntrico só atraiu mais a atenção que os irmãos tanto tentavam evitar.
A gravidade do distúrbio mental dos irmãos Collyer só foi descoberto em março de 1947, quando uma pessoa anônima relatou o cheiro de decomposição vindo da casa. Quando a polícia chegou, não conseguiram entrar na casa. Uma parede sólida de lixo, composta de velhos jornais, camas, cadeiras e caixas, bloqueava a entrada.
Uma janela do segundo andar foi partida e depois de cinco horas de escalada e escavação entre montanhas de lixo, o corpo de Homer Collyer foi encontrado cercado por caixas cheias de jornais que foram empilhados até o teto. Homer morrera de fome. O seu irmão Langley, no entanto, estava desaparecido.
A polícia teorizou que Langley havia fugido e uma caçada massiva foi iniciada com buscas conduzidas até ás cidades dos arredores. Enquanto isso, a casa continuava a mostrar todo o tipo de objetos estranhos: uma mandíbula de cavalo, uma máquina de raios X, carrinhos de bebé, muitas armas, mais de 25 mil livros, órgãos humanos em frascos, oito gatos vivos, centenas de metros de seda, quatorze pianos, dois órgãos e inúmeros pacotes de jornais e revistas, entre outras coisas.
Tudo somado, um total de 120 toneladas de detritos e lixo foi removido da casa. Uma multidão de mais de duas mil pessoas ficava do lado de fora da casa todos os dias para assistir ao esforço de limpeza.
Duas semanas depois, eles encontraram o corpo de Langley Collyer a apenas três metros de onde seu irmão mais velho havia morrido. Langley, inadvertidamente, acionou uma de suas próprias armadilhas e foi esmagado sob uma enorme carga de jornais e caixas de metal.
Em julho daquele ano, a casa foi demolida porque não comportava reparos e, em 1965, o local de 140 metros quadrados tornou-se um dos primeiros parques de Nova York.
Naquela época o colecionismo sem limites ainda não era catalogado como transtorno mental.
Apenas em 2013 a Acumulação Compulsiva passou a ser considerada como tal, recebendo o nome de Síndrome de Diógenes, embora até hoje os psicólogos e psiquitras ainda não tenham chegado à conclusão se esta não será uma manifestação de outra condição, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou um distúrbio próprio.
Estima-se que 2% a 5% dos adultos sofrem deste síndroma.
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